A chuva havia cessado, mas a terra do cemitério ainda exalava um vapor fantasmagórico, como se o solo guardasse o último suspiro de Nicolau. Ian permanecia imóvel no centro daquele silêncio fúnebre, os dedos contraídos em torno do pergaminho. A caligrafia do avô dançava diante de seus olhos, cada letra uma facada.
Léo Belmonte Moretti.
Filho de Ian Moretti.
Ele fechou os olhos, esperando que quando os abrisse o pesadelo tivesse passado. Mas a realidade permanecia, cruel e inegável, gravada no papel que ameaçava queimar sua pele.
— Isto é... uma farsa — sua voz saiu rouca, despedaçada. — Uma manipulação desesperada.
Quando levantou a cabeça, encontrou Alexander observando-o a poucos passos, com uma serenidade que só os verdadeiramente vingativos conseguem ostentar.
— Você — Ian cuspiu a palavra, avançando. — O que arquitetou? Quem pagou para forjar esta mentira?
— Eu? — Alexander riu baixo, um som seco e oco. — Apenas desempenhei meu papel de mensageiro. A verdade... bem, essa foi o pr