Aquelas palavras foram lançadas como uma lâmina. Ian deu um passo à frente, a mão cerrada, mas Olívia apertou a dele, uma força pequena mas inegável. Alexander já sumira no corredor, a chuva engolindo-o como se fosse parte da tempestade que tinha semeado.
No silêncio que ficou, Benjamin recuou, olhos vazios, alterado. Seus dedos estavam sujos de tudo; de traição, de raiva, de vergonha. Clara estava encolhida, chorando, mas havia uma centelha de algo novo; de medo, talvez de arrependimento. Olívia permaneceu firme, sentindo o corpo cansado, a marca na pele arder como lembrança viva da noite que quase tirara tudo dela.
— Você não precisava ter salvado ela — murmurou Benjamin por fim, a voz seca. — Você não devia.
Olívia encarou-o, a fadiga translúcida em cada linha de seu rosto.
— Eu poderia ter deixado — ela concordou com franqueza. — E talvez você também merecesse ser deixado com a sua dor. Mas isso não faria sentido. Porque se você se torna aquele homem que mata para apagar a vergonh