O céu sobre a mansão Moretti permanecia mergulhado em trevas profundas, uma noite sem estrelas que parecia conter a respiração junto com os habitantes da casa ancestral. A tempestade que ameaçara desabar por horas finalmente se condensava sobre os pináculos do telhado centenário, e o ar dentro da grande sala estava pesado, eletrizado; uma calmaria enganosa prestes a ser rasgada pelo caos.
Olívia estava sentada com Léo no sofá de veludo bordô, seus dedos distraídos embaralhando um deck de cartas enquanto tentava manter o menino entretido. Do outro lado da sala, Ian permanecia imóvel junto à lareira, seu perfil cortado contra as chamas dançantes, o corpo ainda tensionado pelo peso dos segredos recentemente revelados.
Foi então que o som ecoou, a porta principal se abrindo com um rangido sinistro que parecia vir das próprias entranhas da mansão.
Matheus apareceu no arco do corredor quase instantaneamente, sua mão voando instintivamente para o revólver oculto sob seu paletó. Mas ele conge