A porta do quarto do avô estrondou contra a parede, madeira pesada batendo com força brutal. Ian invadiu o espaço sem cerimônia, seus passos consumindo o tapete persa com uma fúria contida que fazia o ar vibrar. A mansão, outrora um símbolo de seu poder, agora lhe parecia uma prisão ornamentada, tapeçarias sussurrando segredos, retratos de ancestrais com olhos julgadores, o cheiro opressivo de baunilha e medicamentos que mascarava a podridão moral.
Nicolau estava reclinado na cama, seu corpo frágil afundado nos travesseiros. A luz fraca da lamparina esculpia suas feições em claro-escuro, transformando seu rosto numa máscara de cera pálida. Quando seus olhos encontraram os de Ian, não houve surpresa, apenas um reconhecimento cansado de que este confronto era inevitável.
— Você ousou entrar sob este teto um homem que deixou Olívia à beira da morte? — a voz de Ian era uma lâmina baixa e afiada, cortando a penumbra do quarto. — E ainda espera que euescute suas justificativas vazias?
Nicol