O ar no escritório parecia ter parado.
Nem o som do relógio se ouvia mais.
As palavras de Nicolau ainda ecoavam como estilhaços dentro da cabeça de Ian, repetindo-se em um ciclo impossível de calar.
“Ele é seu irmão. Um filho que seu pai teve fora do casamento.”
Por um instante, o mundo pareceu reduzir-se a um ponto fixo; o rosto cansado e trêmulo de Nicolau diante dele.
Depois, veio a reação.
Lenta.
Profunda.
Violenta.
Ian se afastou um passo, o corpo rígido, as mãos cerradas.
Os nós dos dedos brancos.
A mandíbula travada.
A respiração curta, como se o ar o traísse.
— Um irmão. — A voz dele saiu rouca, quase sem som, como se testasse o peso da palavra no espaço. — E você simplesmente… esqueceu de mencionar isso por trinta e dois anos?
Nicolau não respondeu de imediato. O olhar dele oscilava entre a culpa e uma resignação pesada, quase física.
— Ian… — começou, baixo. — Eu fiz o que precisava ser feito.
— O que precisava? — Ian riu, um som curto e frio. — Você o rejeitou para proteger