Capítulo 145

O ar no escritório parecia ter parado.

Nem o som do relógio se ouvia mais.

As palavras de Nicolau ainda ecoavam como estilhaços dentro da cabeça de Ian, repetindo-se em um ciclo impossível de calar.

“Ele é seu irmão. Um filho que seu pai teve fora do casamento.”

Por um instante, o mundo pareceu reduzir-se a um ponto fixo; o rosto cansado e trêmulo de Nicolau diante dele.

Depois, veio a reação.

Lenta.

Profunda.

Violenta.

Ian se afastou um passo, o corpo rígido, as mãos cerradas.

Os nós dos dedos brancos.

A mandíbula travada.

A respiração curta, como se o ar o traísse.

— Um irmão. — A voz dele saiu rouca, quase sem som, como se testasse o peso da palavra no espaço. — E você simplesmente… esqueceu de mencionar isso por trinta e dois anos?

Nicolau não respondeu de imediato. O olhar dele oscilava entre a culpa e uma resignação pesada, quase física.

— Ian… — começou, baixo. — Eu fiz o que precisava ser feito.

— O que precisava? — Ian riu, um som curto e frio. — Você o rejeitou para proteger
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