O murmúrio da festa havia mudado de tom.
Olívia sentiu a alteração na atmosfera assim que voltou a pisar no jardim. Era uma vibração diferente, que o ambiente mais denso, mais frio, carregada de uma eletricidade estática.
As risadas, antes altas e deliberadamente festivas, agora chegavam a ela em tons abafados e cautelosos. O tilintar dos talheres de prata contra a porcelana fina e o brinde dos copos de cristal pareciam mais espaçados, vacilantes.
Cochichos se multiplicavam, crescendo de sussurros isolados para um zumbido baixo e constante, um enxame de palavras voando baixo.
Ela não conseguia distinguir frases completas, apenas fragmentos cortantes que o vento caprichoso lhe trazia:
“…ouviram o que ele disse? Que era da família…”
“…um escândalo, Júlia, um escândalo absoluto, e justo hoje…”
“…viram o rosto de Nicolau? Quase desmaiou, o pobre…”
“…Ian está possesso, nunca o vi assim…”
O estômago de Olívia se contraiu violentamente, uma náusea familiar que lhe subiu pela garganta. Ela