O mundo de Ian Moretti desabou em câmera lenta.
A palavra ecoou no espaço entre eles, não como um som, mas como uma detonação silenciosa que fez o chão tremer sob seus pés customizados.
Irmão. duas sílabas. Uma sentença. Uma bomba relógio plantada no solo fértil de suas memórias mais fundamentais, memórias que, ele percebeu com um frio súbito na nuca, nunca foram totalmente suas.
Seu olhar, incrédulo e afiado como uma lâmina, percorreu cada centímetro do rosto do homem à sua frente. Procurou por um traço familiar, um eco de si mesmo naqueles olhos escuros e nas cicatrizes que narravam uma história de violência que ele não compartilhava.
O homem proferira a palavra com uma naturalidade desconcertante, como se estivesse simplesmente recolocando um objeto em sua prateleira devida após anos de ausência. Como se eles fossem dois pedaços separados de uma narrativa que apenas Nicolau, em sua cadeira de rodas, guardava os capítulos perdidos.
Um silêncio pesado, denso como algodão molhado, ca