O mundo inteiro pareceu conter a respiração naquele instante suspenso entre a declaração e o cumprimento do ritual. Os flashes das câmeras cessaram subitamente, como se os próprios fotógrafos sentissem a sacralidade pervertida daquele momento. O quarteto de cordas sustentava uma nota longa e trêmula, um acorde menor que flutuava no ar como um presságio, esperando pelo desfecho que todos achavam conhecer, mas que apenas dois personagens principais compreendiam em sua complexidade amarga.
Ian inclinou-se para frente.
O gesto era cinematográfico em sua precisão, lento o suficiente para permitir que cada câmera capturasse o ângulo perfeito, calculado para transmitir a imagem de um noivo devoto. Mas quem estivesse perto o suficiente, quem visse o quase imperceptível enrijecer dos músculos do pescoço de Olívia, ou a maneira como as mãos dele envolveram as dela não com ternura, mas com a firmeza de quem segura um espólio de guerra, compreenderia a verdade.
Aquilo não era um beijo.
Era um cam