O silêncio que se instalou após a partida de Matheus era de um tipo diferente. Não era a simples ausência de som, mas uma presença pesada e opressora, como se o ar tivesse se solidificado ao redor de Olívia.
O eco distante da porta da frente batendo ainda reverberava em seus ossos, um ponto final gélido na cena humilhante. Ela permaneceu plantada no centro da sala de estar, a pequena bolsa de couro macio pendurada em seus dedos como um artefato explosivo.
Cada fibra do seu ser gritava para não olhar. Jogar aquilo fora, queimar, esquecer. Mas uma força perversa, uma necessidade masoquista de confrontar a própria degradação, a obrigou a mover os dedos.
Aquele pedaço íntimo de pano se transformou, num instante, no símbolo gritante de tudo que ela tentava enterrar: sua fraqueza, sua rendição, o poder avassalador que Ian exercia sobre seu corpo e, agora ela percebia com horror, sobre sua alma.
Carla finalmente se moveu. Seus passos foram cautelosos no piso de madeira, seu olhar, antes carr