O barulho seco dos sapatos de Ian contra o mármore ecoava como trovões no salão da mansão. Ele entrou de supetão na sala, com os olhos em faíscas vasculhando tudo, o corpo rígido, os punhos cerrados, a respiração curta e a voz carregada de urgência.
— O que aconteceu?! — a voz saiu como um rugido, quebrando o silêncio e gritando para Clara.
Clara, que estava parada perto da escada, levou um susto e se virou. A maquiagem impecável parecia borrada pelo desespero. Ela gaguejou, balbuciou, mas logo apontou para o sofá.
— Eu… eu não sei… ele estava bem, e de repente…
As palavras dela morreram quando Ian lançou o olhar para o sofá. E o viu.
E o tempo parou.
Nicolau estava ali, deitado de lado, o corpo pesado afundado nas almofadas como se o corpo tivesse desistido de lutar contra a gravidade. O rosto, que sempre carregara a arrogância e o vigor de um homem que não admitia envelhecer, sempre ereto e imponente, agora estava pálido, quase acinzentado. As rugas pareciam mais profundas, os