Ian desceu as escadas naquela manhã com a mente ainda turva. Não tinha dormido. Não conseguia.
A noite anterior não lhe concedera descanso, fora um campo de batalha dentro dele: lembranças, frases de Olivia, a raiva, a ternura... e, acima de tudo, aquela sensação corrosiva de estar perdendo o controle.
Cada vez que fechava os olhos, via Olívia. O rosto dela endurecido de raiva, os olhos marejados, a voz quebrada quando disse que seria melhor dormir com Léo. E, depois, a lembrança dela na varanda, frágil, vulnerável, deixando escapar que nenhum homem jamais a amou.
Essas frases, ditas quase ao acaso, ficaram gravadas como ferro em brasa.
Ele odiava sentir. Odiava não ter controle sobre o próprio corpo, sobre o próprio coração. Odiava não conseguir comandar os próprios pensamentos. Passara anos se blindando, erguendo muros de aço contra qualquer coisa que pudesse atravessá-lo. Agora, bastava um olhar dela para que tudo vacilasse.
Deixara o convite e o cartão com ela como quem entrega mu