Angelina da Costa
Talvez não existisse maneira mais constrangedora de ser pega.
Débora, minha chefe, estava ali apenas de sutiã com os cabelos loiros bagunçados, maquiagem borrada e olhos ainda intensos sobre mim... e por algum motivo, aliviados. A parte de baixo, felizmente, estava escondida atrás da ilha da cozinha. Mas o caos já era evidente: sacolas jogadas pelo chão, garrafas vazias, um cheiro inconfundível de vinho... e sexo.
Ela me encarava com um sorrisinho debochado no canto da boca, como se estivesse se divertindo com a minha cara de susto.
- Caraca, Lina! Você e o Saulo?! Meu Deus! - Ela jogou a cabeça para trás, rindo. - E o papai todo feliz com a ideia de casar o Saulo com a Frantesca... achando que ia fechar um acordo. Meu Deus mesmo! Ele vai acabar com vocês.
Engoli em seco.
Saulo soltou um riso abafado, enquanto Rafael, o amigo de Saulo e, pelo visto, amante secreto da minha chefe, me olhava de cima a baixo, com olhos curiosos demais, senti um certo desconforto, pois