Angelina Da Costa:
Não tinha tempo, nem reservas. O dia mal havia começado e eu já estava diante do celular, esperando uma mensagem de Francesca. Ao invés disso, o que chegou foi a notificação da fatura: R$1.384,15.Parcelado em oito vezes.
Olhei. Reolhei. A cabeça começou a girar. Saí do quarto já vestida, arrumada, mas sem saber o que fazer com o resto do mês. Como eu ia pagar o ônibus? Como eu ia lidar com qualquer emergência? E ainda era somente o início do mês. Fui para o seu quarto apreensiva, preocupada.
- Júlia? Júlia?! - Sacudi ela levemente, tentando acordá-la, mas o montante de sacolas no chão me chamou mais a atenção. Fui até elas, puxei tudo pra fora.
- Ah, mãe, me deixa... - murmurou ainda sonolenta.
Maquiagem. Toda a reserva que eu tinha guardado pro mês, ela gastou com batom, delineador, esponjinha de base, iluminador, um monte de bobagem.
- Ana Júlia, você enlouqueceu?! - gritei, o desespero rasgando minha garganta. Eu só podia estar entrando no inferno. O que eu ia