Saulo Prado
Confiança. Era disso que eu falava.
Eu já estava prestes a gritar. Gritar sobre a chantagem ridícula, sobre a escolha dela em se afundar sozinha nisso tudo. Quatro semanas eram pouco? Me perguntei isso, encarando a mulher que estou namorando, à minha frente.
E então, do nada, ela se aproximou e me beijou.
Era trapaça.
Jogo sujo.
E ela estava trapaceando.
Senti sua mão envolver minha nuca, os lábios famintos, a língua dela, pela primeira vez, buscando a minha.
Um beijo quente, profundo, sedento. Eu não esperava por isso. E também não fui homem o suficiente pra parar. Pra negar. Porque ela me enlouquece em todos os sentidos.
Minhas mãos se perderam em seu cabelo, apertei sua cintura contra a mesa. Queria tê-la ali mesmo. Mas a razão gritou.
Afastei.
A olhei nos olhos, sério. Angelina me encarava de volta, com aquele olhar que me desarma e fode com toda a minha racionalidade.
- Eu sei que não tenho sido presente... podemos compensar isso mais tarde - disse ela, escapando p