Angelina Ribeiro
Era tarde quando ouvi o carro de Diogo chegando. A porta se abriu e ele entrou já sem terno, blusa semi aberta, revelando pouco do seu peito escuro, o cansaço estampado no rosto, a sua pasta na mão. Caminhei até a sala, enquanto ele respirou fundo, recebi-o com um sorriso contido. Ele caminhou até mim como de costume, inclinou-se, depositando um beijo leve na minha cabeça antes de afastar-se.
- Como você está? - perguntou, a voz rouca, ainda carregada da viagem.
- Bem - respondi, simples, observando-o se encaminhar para o quarto dos meninos.
- Bem como? Bem quanto? - Insistiu com a sua ironia marcante, me apoiei a pilastra que dá em direção ao corredor. - Bem, acho que bem basta. - Falei vendo entrar quarto a dentro.
Sabia que ia dar um beijo suave na testa de cada um. Sempre fora um pai amoroso, cuidadoso, presente. Aquela cena acalmou meu coração, mesmo cansada.
Quando voltou para entrou cegamente em seu quarto, ele me olhou com aquela seriedade que conheço tão bem