Angelina Ribeiro
O meu corpo ainda cheirava a sexo. As vozes dos meus filhos, que antes eram distantes, agora eram reais, próximas, inescapáveis.
Olhei para o homem nu deitado na cama, os cabelos desgrenhados, os braços firmes, o abdômen sarado, e o pânico me tomou. Eu não sabia o que fazer. O empurrei às pressas para dentro do banheiro, o peito arfando, a mente em branco. Catei as roupas dele que encontrei pelo chão, jogando contra o corpo dele, e comecei a me vestir com as próprias mãos trêmulas.
Quando abri a porta, o desespero foi maior.
Atlas estava encostado à parede do corredor, os braços cruzados, me olhando como se tivesse todas as respostas. Já Adson, impaciente, segurava o celular no ouvido.
- Adson, Adson... - corri até ele, quase tropeçando nos próprios pés, como uma fugitiva que acabava de ser pega.
Do outro lado da tela, o rosto de Diogo surgiu. Seus olhos negros me fitaram de forma direta, incisiva.
- Aconteceu algo, Angelina? - a voz dele soou grave, carregada de desc