Angelina Da Costa
O silêncio reinava no carro, denso como uma nuvem carregada. A metade do dia sequer tinha passado, mas tudo em mim já pesava. Saulo dirigia com uma mão no volante; a outra repousava solta entre nós, perto demais do meu joelho.
E eu esperava.
Esperava o toque que viria. Sempre vinha.
Ele sabia o efeito que tinha em mim. E mesmo que eu tentasse negar, já não era só desejo, era vício. Um vício perigoso.
Toquei meu joelho no dele, fingindo olhar a rua pela janela. Ouvi sua respiração longa, e sem precisar pedir, ele cedeu. A mão dele encontrou meu joelho, acariciando por cima da calça em círculos lentos. Apertou levemente. Não me olhou, mas sorriu. Um sorriso torto, cheio de segredos.
Ele sabia o que fazia comigo.
Mas, desta vez, eu não entregaria tudo de bandeja. Eu queria provocar. Dominar.
Chegamos ao escritório em silêncio. Rafael ajustava a mochila no ombro, carregando cópias de processos, daqueles que eu devia cuidar, mas que ele assumiu por minha causa para evitar