Saulo Prado
Paixão é um jogo irritante.
Uma armadilha disfarçada de prazer. Você pensa que está no controle... até perceber que está completamente rendido.
É como mergulhar de olhos fechados. Um choque no corpo, vertigem na alma.
Talvez essa seja a descrição mais justa para o que senti naquele almoço com seis mulheres que falavam como metralhadoras, gargalhavam alto e me encaravam como se eu fosse o prato principal.
Tálita, a ruiva, tagarelava sobre noites de shows e turnos intermináveis. Isnaia, a mais cheia de curvas, ria entre as frases, mas os olhos? Os olhos não disfarçavam o desejo, cravados entre minhas pernas, descarados. Emma, com suas tranças bem-feitas, era mais contida, mas ainda assim me media de forma clínica. A loira? Já avisou que não queria compromisso. Queria "diversão". E Paloma... não falava muito. Só observava. E como observava.
Seis mulheres. Uma mesa. E eu, no centro daquele circo carnal.
Por que sugeri este almoço?
Talvez para irritar Angelina. Para vê-la ferve