Angelina Ribeiro
Saí correndo sem olhar para trás, as pernas tremendo, o coração disparado, o medo gritando dentro de mim. O que Saulo queria de mim? Evitei o espelho; minhas lágrimas escorriam livremente, meu rosto molhado denunciava a confusão que eu sentia.
Dirigi sem rumo, os pensamentos em turbilhão. Medo. Medo de ser ferida de novo. Medo de me entregar e me decepcionar. Medo dele. Tanto medo. Quando parei em frente de casa, sentei-me no carro e fechei os olhos, tentando recuperar o fôlego. Por que corri? Por que neguei? Por que tudo parece tão errado e certo ao mesmo tempo?
Laura estava com os meninos. Ambos de banho tomado, já haviam jantado. Ela ficou por perto, observando discretamente, como quem sondava se eu estava bem. Mas eu não estava. Fingi que tudo estava normal, ouvindo o que acontecia na sala, enquanto me sentia quebrada por dentro.
Entrei no banho de cabeça baixa, tentando afastar a confusão. A água quente ajudava, mas não apagava o nó na garganta, nem a sensação de