Saulo Ribeiro
A semana passou quase sem que eu notasse. Eu evitava Angelina, mantinha minhas interações com ela mínimas, quase frias, como se o simples contato pudesse reacender feridas que ainda não cicatrizaram. Fingia desinteresse, mergulhava no trabalho, nos documentos, nos processos que consumiam minhas horas, mas por dentro, cada pensamento insistia em voltar para ela, para o que aconteceu, para o que não aconteceu, para o que poderia acontecer.
Nos estamos tão perto e tão distante ao mesmo tempo.
Hoje, porém, minha prioridade era diferente. Adson. Eu precisava estar próximo dele, aprender a entrar no mundo dele, mesmo que fosse pelo caminho mais inesperado: o tatame.
Cheguei à academia de jiu-jitsu com o corpo tenso e os ombros firmes, a minha mãe na aula de artes com Atlas. O cheiro de suor e tatame queimado me invadiu, despertando memórias de quando pratiquei esportes e lutava apenas comigo mesmo. Adson já estava lá, enrolado na faixa, atento aos primeiros movimentos que o pr