Saulo Prado
Eu não pensei duas vezes. Quando vi as lágrimas caindo dos olhos dela, tive certeza de que era isso, eu tinha acertado, era o momento. Estendi a mão, segurei de leve o queixo dela e me inclinei, pronto para beijá-la.
Mas Angelina recuou. Um passo, pequeno, mas que me atingiu como um soco no estômago. Fiquei parado, imóvel, olhando para ela como quem não entende a própria derrota.
- Desculpa, Saulo... mas casar? - a voz dela saiu embargada. - Eu já sou casada.
As palavras ecoaram na minha cabeça. Casada.
Meu peito ardeu de raiva, ciúmes, frustração. Diogo. Sempre ele. Até na hora em que eu quase a tinha em meus braços, aquele maldito nome se colocava entre nós.
- Separa - soltei, mais baixo do que queria, mas ainda firme. - Separa dele.
Ela fechou os olhos, como se a minha resposta fosse absurda demais para ser ouvida. Eu senti o sangue ferver.
- Você acha que eu estou pedindo demais? - insisti, tentando segurar a voz. - Que vida é essa que você leva com ele, Angelina? Quem