Saulo Prado
Cheguei cedo à casa de Angelina, pronto para mais um dia de trabalho. O portão mal se abriu e já tinha um corpo pequeno correndo na minha direção, a funcionária ficou parada na porta nos olhando, após liberar a minha entrada.
- Pai! - Atlas se jogou em mim, os braços finos me apertando como se fôssemos inseparáveis desde sempre.
O coração quase saiu pela boca.
Me agachei e o abracei de volta, sentindo aquele calorzinho infantil que parecia curar qualquer ferida.
Mas logo atrás, Adson apareceu. Me olhou de cima a baixo, sério, e passou reto. Nem um bom-dia.
- Você dormiu bem? - Perguntei observando o cabelinho penteado do meu filho mais novo.
Já Adson apenas seguia, abriu a porta do carro, e entrou, como se fosse obrigado a isso. Engoli seco.
A cada passo dele, eu sentia mais o peso da rejeição, ergui os olhos para a mulher de verde no meio da sala, Angelina nos olhava, como quem pedia para que eu tivesse paciência, queria mesmo era poder beija-la, ali mesmo, a ideia de