Angelina Ribeiro
- Mamãe, a senhora acha que quando eu crescer vou ficar grandão e preto igual ao meu pai?
Saíamos do jiu-jitsu em direção ao carro quando Adson me perguntou. Ri fraco, tentando esconder o aperto que a pergunta me trouxe.
- Grandão talvez, querido... mas por que a pergunta?
Sentei-o no banco de elevação, mesmo com ele já apressado em mostrar independência.
- Já sou grandinho pra você me sentar, não acha? - retrucou, passando o cinto sozinho.
Toquei de leve no nariz dele.
- Acredite, você nunca vai ser grande o suficiente pra mim.
Fechei a porta e respirei fundo, sabendo que aquela conversa não seria simples. Ser negro era questão de genética... e, por mais que Adson amasse e idolatrasse o pai, ele nunca teria a pele dele.
- Eu vi um homem... - murmurou quando liguei o carro.
- Um só? Nossa, o que mais tinha na sua aula era homem - respondi, tentando aliviar.
Ele revirou os olhinhos azuis, um gesto tão parecido com Diogo que doeu em mim.
- Não, mamãe. Esse era diferent