Angelina Garcia
Eu não queria ir por aquele caminho, mas sabia que era o ideal. Enviei o acordo para o fórum com a assinatura do advogado da Prado.
Por dentro, eu desmoronava, mas aquela era a decisão certa para algo que já não tinha volta.
O doutor Saulo parecia entender o peso da minha escolha. O dia terminou tranquilo na empresa.
Quando saí, o fim da tarde tinha aquele tom melancólico de céu nublado. Eu caminhava até o ponto de ônibus quando o carro prata parou bem à minha frente.
Meus passos pararam automaticamente. E meu corpo endureceu ao ver Raul ali, ainda de farda. Como se aquilo fosse alguma tentativa desesperada de remendar o que já estava podre… ou uma ameaça velada.
— Então... cadê o doutorzinho? Não vai te levar pra casa? — ele debochou ao parar o carro com violência.
Segurei minha bolsa com firmeza, os olhos varrendo o entorno. Algumas pessoas ainda saíam da empresa, olhavam curiosas. Meu coração disparou.
— Raul... pare — pedi, a voz trêmula.
— Cadê ele, Lina? Hein?