Saulo Prado
Observei Angelina partir naquele breu, sozinha. E tudo aquilo fazia ainda mais sentido com as palavras que ela disse mais cedo.
A confusão, a exaustão, o olhar perdido… Eu deveria manter distância, mas já estava envolvido demais. Quando ela entrou em casa, eu permaneci por alguns segundos parado, como se pudesse protegê-la com o olhar.
Retomei o trajeto até a chácara. Meio quilômetro à frente, o carro branco de Raul estacionado num canto qualquer da estrada.
Coincidência ou lhe esperava? Não quis saber. Só queria distância de tudo aquilo.
Desviei a rota.
Eu precisava de espaço. Paz. Um respiro entre tanto caos.
Parei no acostamento e, por sorte, minha pasta com alguns documentos estava no banco de trás. Não tinha todos os arquivos que eu precisava, mas era o suficiente pra me distrair, ou fingir que eu ainda tinha algum controle. Estudei ali, sob a luz neutra do carro, sendo surpreendido por quem passava.
E em algum momento... adormeci.
Quando cheguei à chácara, Tatia