Saulo Prado
Ribeiro saiu, fechando o portão atrás dele. A raiva queimava no meu peito, crescendo a cada segundo.
- Ficou louco, Saulo? - a voz da minha mãe cortou o silêncio. - Como você pode agredir o marido dela assim?
Virei o rosto para ela, sem acreditar no que ouvia.
- A senhora não entende, mãe. - falei, a respiração ainda pesada. - Eu entreguei os arquivos que a Angelina me confiou para ele. Quando o Otávio mandou colocar fogo no almoxarifado do cunhado, eu não vi saída... Ele não ia sossegar até matar ela.
Joguei meu corpo no sofá, impregnado de cheiro de fritura, e enterrei o rosto nas mãos.
- É, não entendo mesmo. - minha mãe se sentou ao meu lado, passando as mãos pelo próprio rosto cansado. - Mas brigar agora não adianta. Eu gosto dela, quero continuar sendo amiga dela.
Soltei uma risada curta, amarga. Ela de fato não entendia.
- A Angelina está casada, mãe. É mulher desse homem agora. E eu... - a frase morreu na minha garganta quando vi minha mãe levantar e caminhar em di