Saulo Prado
Angelina não estava bem.
Chegamos à chácara e ela ainda chorava em silêncio. Calada. Recolhida. Com o celular apertado contra o peito, como se aquele objeto pudesse protegê-la de qualquer outra agressão. Em um mundo minimamente são, o certo seria levá-la a um médico, a um posto policial. Mas naquele momento, tudo que eu sabia era cuidar. Cuidar como eu nunca cuidei de ninguém.
Desci do carro. Ela ainda aos prantos.
Abri a porta e a tirei nos braços, seu corpo trêmulo agarrado ao telefone que insistia em tocar, mesmo com ela já deitada na cama, ele continuava tocando. Toquei em seu rosto com cuidado, tentando entender. Lidando com tudo. Engolindo as palavras que ardiam na minha garganta: "eu avisei", "eu disse pra sair daí". Mas nada disso importava agora.
O vestido dela estava rasgado. Havia um pequeno corte entre os seios.
- Vamos tomar banho, Angel. Eu não posso te deixar assim - sussurrei.
Angelina olhou para si mesma e se assustou ao perceber que estava apenas de calci