Aos olhos dele 

 

~ Jackson ~

Saí da academia após uma reunião com o gerente. Tenho três academias para administrar e há tempos não dou aula como personal trainer, a não ser para alguns alunos em especial, que contratam o meu serviço para aulas particulares. 

Já era quase uma hora da tarde e eu estava faminto. Minha academia fica no térreo de um prédio comercial, então decidi ir até a praça de alimentação e comer num restaurante ali mesmo. Foi quando a vi, com suas curvas exuberantes, servindo-se. 

Confesso que as mulheres polposas sempre me atraíram, e ela, em especial, era um banquete completo: bunda grande, seios fartos e uma boquinha avermelhada e carnuda que devia fazer estrago.

Entrei na fila logo atrás dela e a ouvi enquanto conversava com a amiga. Ambas usavam o mesmo uniforme de uma loja de roupas de grife ali mesmo do prédio. Eu já a tinha visto de relance, mas nunca tão perto. 

— Não tem nada mais torturante do que vir a um self-service e ver um monte de coisas que não vou poder comer… — Ela resmungava com a outra. 

— Come, ué! Eu é que não passo vontade!

— E ser gorda para o resto da vida? Preciso fazer uma dieta decente ao menos uma vez na vida.

— Quando você morrer, vai ficar magrinha, só o osso… 

Nesse momento, eu ri disfarçadamente. 

— Assim, ao menos os bichos vão querer o meu corpo. 

— Ai, credo!

Ambas riam descontraídas, mas, nos poucos minutos em que estive na fila, tudo que ela fez foi se insultar, e finalizou o prato apenas com alguns vegetais e frango grelhado. 

Em anos trabalhando para ajudar pessoas a alcançar o corpo dos sonhos, não era algo fora do comum para mim vê-las se menosprezando, fosse por estar acima do peso ou ser magra demais. Mas, por trás dos murmúrios dela, havia algo mais do que incômodo com a própria aparência: havia dor. 

Se eu pudesse, teria dito para ela que queria o seu corpo, sem restrições, e iria me deliciar de todas as formas possíveis, provando que ela não era nada daquilo que dizia ser. Mas, muito provavelmente, eu sairia de lá preso por assédio.

Nunca fui do tipo mulherengo, apesar da minha profissão me fazer viver rodeado de belas mulheres, eu não era o típico predador que as importunava, porém, quando tinha a oportunidade me divertia um pouco, desde que não falassem de sentimentos.

Óbvio que aquele não era o momento e muito menos o local apropriado para me aproximar daquela mulher, mesmo porque, eu não fazia ideia se ela era daquelas que toparia uma aventura nada romântica, regada apenas a prazer sem compromisso. No entanto, se ela desejasse, eu estava disposto a elevar sua autoestima às alturas.  

Me sentei em uma mesa logo atrás delas, mas a moça em nenhum momento me olhou ou pareceu notar minha presença. Então, comecei a comer, tentando desviar os pensamentos indevidos que rondavam minha cabeça, e acabei me distraindo com mensagens referentes ao trabalho, que chegaram no meu celular, não reparando quando as duas se retiraram.

Assim que finalizei o meu almoço, voltei para a academia e, para a minha surpresa, lá estava ela na recepção, ainda acompanhada da amiga. Sorri sozinho, imaginando que estava com sorte, aquela seria a oportunidade perfeita que eu precisava. Porém, ouvi quando resmungou devido aos preços da matrícula, então, de imediato, interferi na conversa: 

— Pode dar um mês de aula experimental para as moças, Rebeca. 

Ofereci, além de me dispor a ser o personal dela. A moça, que descobri se chamar Alícia, me encarava com uma expressão surpresa, eu diria que ainda incrédula, mas aquela seria a minha chance de ouro, e eu ia agarrá-la. 

No dia seguinte, tive uma aula para dar e, assim que finalizei, corri para a academia. Quando cheguei, fiquei satisfeito ao ver que ela havia aceitado minha proposta e ambas já estavam me aguardando, então as conduzi para dentro. 

Notei que elas cochichavam olhando para mim, às vezes faziam piadinhas de duplo sentido com as instruções que eu dava. Alicia me fitava com desejo, então resolvi corresponder para que ficasse ciente de que era recíproco. Trocamos olhares em diversos momentos, eu estava disposto a dar o bote assim que possível, só não imaginava com o que estava lidando. 

Após uma conversa despretensiosa, Alicia proferiu ainda mais insultos a si mesma, antes de correr para o banheiro visivelmente abalada. 

— O que houve? Por que ela agiu assim? — Perguntei para a amiga, que não parecia tão surpresa quanto eu. 

— A Alicia sofreu muito quando era casada. O ex-marido passou a humilhá-la depois que ela ganhou peso, comparava-a com outras mulheres, dizia ter vergonha dela, até que a traiu e foi viver com a outra… 

Ouvi tudo que Samanta contava, horrorizado. Meu coração apertou. Me senti na obrigação de abrir os olhos dela e provar que aquela mulher era muito mais do que imaginava ou do que um babaca qualquer um dia havia falado. Bastava apenas que ela me permitisse, e se permitisse. Então, fui ao encontro dela.

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