Lara
Eu não sabia ao certo em que momento deixei de controlar meus pensamentos e passei a ser controlada pelo medo. A ideia de continuar naquele país, longe de qualquer lugar que eu pudesse considerar seguro, era insuportável. Alexandre tentou me convencer a ficar, a não deixar que as ameaças tomassem conta de nós, mas, no fundo, eu sabia que ele também sentia o mesmo que eu.
Não era só a carta na varanda, ou o telefone tocando com aquela risada sinistra do outro lado. Era tudo: a chuva pesada que parecia anunciar algo ruim, as luzes piscando, os sons estranhos no corredor... Tudo isso parecia fazer parte de um jogo perverso, criado apenas para nos destruir de dentro para fora.
Eu não consegui dormir naquela noite. Fiquei deitada na cama, com as luzes acesas, enquanto Alexandre falava ao telefone tentando resolver as coisas. Ele havia conseguido um voo de última hora para voltarmos ao Brasil, e eu só queria ir embora. Deixar para trás aquele hotel, aquele país, e tudo que estava no