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4. Três Dias em Londres

Kairos me convidou a ir até sua sala. Havia algo na forma como ele me chamava, que fazia meu coração acelerar. Não era apenas respeito ou nervosismo pelo protocolo; havia um pressentimento de que ele não estava satisfeito comigo, e a sensação de inadequação crescia à medida que eu caminhava. O receio de que meu desempenho não estivesse à altura de suas expectativas e, pior, de ser demitida, acompanhava cada passo.

Quando entramos em sua sala ele pegou alguns papéis, o ambiente parecia menor e, ao mesmo tempo, mais intimidador do que eu lembrava. Ele ergueu os olhos, me fitando com uma expressão séria e contida. Um frio percorreu minha espinha. — Sente-se — disse, apontando para a cadeira à minha frente. A forma direta como falou, sem qualquer vestígio de cortesia excessiva, aumentou minha apreensão.

Ele permaneceu em pé por um instante e depois se acomodou na ponta da mesa. A posição dele era diferente de tudo que eu já havia presenciado; não estava sentado atrás da cadeira tradicional de um chefe, mas de maneira que impunha presença e ao mesmo tempo mantinha certa distância. Aquilo me deixou ainda mais desconfortável, mas era impossível não notar a autoridade silenciosa que emanava.

— René explicou para você como funciona aqui? — perguntou, ainda observando cada detalhe do meu rosto.

— Sim, senhor — respondi, controlando a voz, tentando não demonstrar o nervosismo que crescia dentro de mim.

— Amanhã terei que viajar para uma reunião importante em Londres. Como minha secretária, você precisará se programar para me acompanhar. Permaneceremos lá por três dias. — A frase soou direta, sem qualquer possibilidade de negociação. Ao ouvir aquilo, senti um frio na barriga. Três dias. Três dias inteiros ao lado de Kairos, alguém cuja arrogância e presença já haviam deixado minhas emoções em turbulência. A ideia me deixou apreensiva, mas não tive escolha a não ser concordar.

— René enviará um e-mail com instruções. Aguardo você amanhã para este compromisso — completou, mantendo o olhar fixo no meu. Cada palavra dele parecia pesar mais do que o necessário, e senti um misto de tensão e curiosidade crescer dentro de mim. Finalmente, ele inclinou-se levemente e disse:

— Está liberada.

Fiquei sentada por alguns segundos, absorvendo a informação e tentando organizar meus pensamentos. A insegurança ainda me acompanhava, e a reação automática de falar ou questionar sumiu diante da força silenciosa que ele emanava. Respirei fundo, tentando racionalizar: seriam três dias longos, mas uma oportunidade importante. Precisava encarar aquilo como um desafio profissional, e não pessoal.

Após deixar a sala, retornei à minha mesa, ainda processando a conversa. Organizei meus documentos e finalizei os e-mails pendentes, tentando manter o foco no trabalho, embora a mente insistisse em revisar mentalmente cada detalhe do encontro com Kairos. A tensão da manhã combinava-se com a apreensão da viagem, mas eu sabia que precisava demonstrar competência e disciplina, reforçando que, apesar das circunstâncias desconfortáveis, estava à altura do cargo.

O restante da tarde transcorreu com relativa normalidade. Cada ligação, cada documento revisado, cada compromisso anotado parecia me lembrar de que o trabalho exigia atenção plena. Ainda assim, não consegui afastar a sensação persistente de que Kairos me observava, mesmo quando não estava diretamente presente. Aquela presença silenciosa, quase palpável, permeava cada gesto, cada decisão tomada, deixando-me alerta e concentrada, mas também inquieta.

No final do dia, enquanto pegava o táxi para voltar ao apartamento, meu telefone vibrou. Ao abrir a mensagem, os olhos se encheram de lágrimas antes mesmo de eu conseguir processar o conteúdo. Era ele — meu ex-noivo, a lembrança viva de uma traição que eu ainda tentava superar. A mensagem era uma confissão de arrependimento, repleta de declarações que, embora superficiais na forma, despertavam feridas profundas. Ele dizia ter conseguido meu número através de uma prima, pedindo perdão e expressando remorso pelo que havia feito. Cada palavra trouxe à tona lembranças dolorosas, e senti meu coração apertar de forma inesperada.

Sem pensar muito, apaguei a mensagem e bloqueei o número. Não havia necessidade de continuar naquele ciclo de dor, ainda que a curiosidade e a memória tentassem me prender ao passado. Senti uma tristeza intensa, um misto de decepção e mágoa que ameaçava sufocar o entusiasmo que eu vinha cultivando na nova cidade. Respirei fundo, tentando conter as lágrimas, lembrando-me do motivo pelo qual havia decidido mudar de vida, de cidade, de emprego: para recomeçar, para reconstruir minha confiança e meu futuro.

Ao chegar ao apartamento, sentei-me na borda da cama, sentindo o peso do dia e da mensagem que havia recebido. O silêncio do espaço recém-organizado contrastava com a turbulência dentro de mim. A frustração com Kairos, a apreensão da viagem e a dor evocada pela mensagem do passado criavam uma mistura quase insuportável. Mas, no fundo, havia uma determinação silenciosa: não podia desistir, não podia permitir que o passado determinasse minha vida novamente. Precisava seguir em frente, ainda que cada passo fosse pesado e cada decisão difícil.

Respirei fundo e levantei-me, dirigindo-me ao armário. Comecei a separar roupas e objetos que precisaria para a viagem. Cada peça escolhida parecia um ritual de preparação não apenas para Londres, mas para enfrentar minhas próprias inseguranças e desafios. Apesar do peso emocional, a sensação de que estava dando um passo importante para minha carreira começou a me confortar. Precisava focar no presente e nas oportunidades que surgiam, mesmo que isso significasse passar três dias próximos de Kairos, alguém cuja presença já havia despertado sensações complicadas e inesperadas.

Enquanto dobrava cuidadosamente as roupas, refletia sobre minha vida recente: a mudança para Nova Iorque, o emprego, a tentativa de esquecer um relacionamento que havia me marcado profundamente. O passado ainda estava presente, mas não poderia mais ditar minhas ações. O futuro dependia das escolhas que eu faria a partir daquele momento, e precisava demonstrar a mim mesma, acima de tudo, que era capaz de seguir em frente.

Ao colocar os últimos itens na mala, respirei profundamente e fechei o zíper com firmeza. Aquela mala não era apenas para a viagem de trabalho; simbolizava minha determinação em não permitir que o passado me dominasse, em manter o foco na carreira e nas oportunidades que surgiam. Apesar da tristeza e da exaustão emocional, senti uma pequena fagulha de esperança: os próximos três dias seriam um desafio, mas também uma chance de provar minha competência e minha força pessoal.

Com a mala pronta, sentei-me por um instante, contemplando o apartamento silencioso. A cidade continuava pulsante lá fora, indiferente às minhas preocupações, mas também cheia de possibilidades. Respirei fundo mais uma vez, reconhecendo o peso do dia, mas consciente de que, apesar de tudo, eu havia dado passos importantes: havia enfrentado Kairos, planejado minha viagem, e, acima de tudo, decidido que não permitiria que o passado determinasse minhas escolhas.

E, assim, fechei os olhos por um momento, deixando que a exaustão emocional se dissipasse lentamente, preparando-me para os próximos dias. Amanhã, Londres. Amanhã, desafios, tensão e oportunidades. Mas, acima de tudo, amanhã representaria mais um passo em direção ao futuro que eu estava determinada a construir.

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