85. Lembranças e cinzas
O voo parecia mais longo do que realmente era. Talvez fosse a ansiedade corroendo meus pensamentos, a preocupação constante com meu pai. A janela do avião mostrava apenas um céu nublado, e eu me perguntava o que me esperava do outro lado. Desde a ligação de Noah na noite anterior, meu coração não tinha sossego.
Assim que pisei na cidade, senti o ar frio e familiar do lugar. Peguei um táxi direto para o hospital. Durante o trajeto, o silêncio era tão denso que parecia me sufocar. Eu olhava para fora e via os mesmos prédios de sempre, mas algo em mim não era mais o mesmo.
Quando entrei no hospital, o cheiro de desinfetante e café velho me atingiu de imediato. E lá estavam eles — minha mãe, a namorada do meu pai, Noah e minha prima Amanda. Por um instante, todos ficaram em silêncio. Minha mãe foi a primeira a se pronunciar.
— Mia? — a voz dela soou surpresa. — O que você está fazendo aqui, filha?
— O Noah me ligou — respondi, tentando conter a emoção. — Disse que o pai estava intern