87. Verdades veladas
A manhã seguinte amanheceu cinzenta, com um silêncio denso que parecia se estender desde a noite anterior. Eu ainda sentia o peso do telefonema com Kairos, aquela mistura de irritação, medo e dúvida que teimava em me acompanhar. O rosto do homem misterioso que eu vira no hospital não saía da minha mente. As palavras dele, o tom controlado, a ausência de explicações… tudo se misturava a uma sensação desconfortável de estar sendo observada.
Durante todo o dia, o celular vibrou várias vezes. Eram ligações de Kairos. Eu vi o nome dele na tela, o brilho frio da notificação, mas deixei tocar. Em parte, porque ainda estava magoada; em parte, porque precisava de silêncio. Eu sabia que, se o atendesse, acabaria cedendo à voz dele — sempre firme, sempre convincente. E, naquele momento, eu não queria ser convencida.
Meu dia se arrastou em meio à confusão de pensamentos. Entre o hospital, as conversas com os médicos e as pequenas tarefas cotidianas, encontrei-me algumas vezes com Noah. Ele par