Os dias pareciam correr em paz desde que Adriano decidira ficar.
Helena se acostumava lentamente à nova rotina — o trabalho, as tardes no parque com Lucas, os preparativos para a chegada do bebê.
Era uma tranquilidade que ela nunca soube nomear, mas que sentia nos gestos simples: o café que Adriano fazia de manhã, o som do portão se abrindo ao entardecer, o riso de Lucas ecoando pela casa.
Mas aquela quarta-feira começou diferente.
O escritório estava tomado por um burburinho incomum. Conversas em voz baixa, olhares cruzados, celulares vibrando mais do que o normal.
Helena percebeu logo que havia algo errado — o ar parecia mais denso, e até o som das impressoras soava nervoso.
Na sala ao lado, Adriano conversava com o diretor Artur Vasques. A porta estava semiaberta, e uma frase escapou:
— Isso não pode se repetir, Artur. Não depois do que aconteceu com o Costa.
Helena parou, o coração acelerando.
Eduardo Costa.
Aquele nome não lhe era estranho.
Dias antes, Lígia