Os dias seguintes ao evento no hotel pareceram se arrastar em silêncio.

Na empresa, ninguém falava abertamente sobre o que havia acontecido, mas o clima estava pesado.

As pessoas evitavam olhar nos olhos umas das outras, como se cada conversa pudesse esconder uma armadilha.

Adriano passava cada vez mais tempo no escritório.

Desde que o conselho autorizara a reabertura da auditoria, ele fora encarregado de revisar todos os contratos antigos — os mesmos que, anos atrás, haviam sido assinados por Eduardo Costa e pelo antigo setor financeiro da matriz.

Helena via a tensão se acumulando nele.

De manhã, ele saía apressado; à noite, voltava exausto, o semblante distante.

Mesmo assim, tentava manter a serenidade diante de Lucas, ajudando-o com as tarefas da escola, brincando no quintal, como se nada estivesse errado.

Mas Helena conhecia Adriano bem demais para acreditar nessa calma.

Certa noite, ele chegou com uma pasta nas mãos e o olhar sombrio.

— Lena, posso usar a mesa da sala?