Narrado por Léa
O fim da tarde tingia o céu de dourado, e o jardim parecia respirar junto conosco. Luc dormia outra vez, depois de mamar, o corpinho pequeno protegido por uma manta leve. O vento espalhava o cheiro de vinho e grama recém-cortada, e Zeus estava deitado na toalha, um braço por trás da cabeça, o outro estendido na direção do carrinho, como se, mesmo em descanso, não pudesse se permitir relaxar por inteiro.
Eu estava sentada, observando o horizonte, tentando guardar aquele momento dentro de mim. Sabia que a paz nunca durava muito na vida dele — ou na minha. Mas, naquele instante, tudo parecia suspenso. Nenhum tiro. Nenhum Don. Nenhuma ameaça. Só nós.
— Você está quieta demais — ele disse, sem abrir os olhos.
— Estou aproveitando o silêncio.
Ele sorriu de canto. — O silêncio sempre te assusta.
— Hoje, não. Hoje ele parece bonito.
Abriu os olhos e ficou me olhando, sério. Era um olhar diferente do que ele costumava usar para intimidar. Aquele era… humano. Quase calmo.
— Você