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Narrado por Zeus Marino
O ar na sala de reuniões tinha um gosto de metal velho. Não o gosto da pólvora — ainda não —, mas o gosto daquilo que vem antes: papel rasgado, números que não fecham, homens que inventam desculpas ao telefone. Ares voltou da conversa com o Don com a expressão de quem carregou uma pedra que não queria cair no colo de ninguém. Apolo bateu a mão na mesa três vezes e foi direto:
— Eles aumentaram. Dois terminais pediram garantia extra; um dos nossos parceiros quer renegociar preços. Não é só buzina — é gente tirando a mão do bolso.
A notícia não fazia mais do que confirmar o que eu já intuía. Quando se pisa num homem, e o homem se chama Kodra, ele prefere quebrar o luar do outro com pressa e silêncio. Besa não brinca. Não sabia se sorria por dentro ou se explodia: isso não importa. O dado estava lançado.
— Eles tentam asfixiar pelo fluxo — falei, a voz firme. — Querem que a casa sinta no caixa. Se eu desarmo, perco mais do que imagem. Perco vantagem.
Ares jogou