Narrado por Léa
O quarto parecia menor.
Ou talvez fosse eu que estava me sentindo pequena demais para o espaço.
Sentei na beira da cama, o salto ainda nos pés, o vestido colando na pele como se grudasse no suor frio que não parava de sair. O silêncio aqui dentro estava me enlouquecendo. Nem o barulho distante da rua conseguia cortar essa sensação de estar presa.
Ele sabe.
Essa frase rodava na minha cabeça como uma maldição.
Não importava quantas vezes eu repetisse mentalmente, não soava menos real.
Ele sabe.
Olhei para a janela aberta.
Lá fora, a cidade seguia viva, piscando luzes e escondendo histórias em cada esquina. Gente rindo, bebendo, se abraçando… e eu, aqui dentro, calculando como não ser encontrada morta amanhã.
Me levantei e fui até a pia do banheiro. Liguei a torneira, deixei a água cair e me encostei na pia, olhando para o meu reflexo. O rosto não estava tão diferente de sempre, mas havia algo novo nos olhos. Um medo que eu tentava esconder até de mim mesma.
O problema nã