Narrado por Apolo
A manhã vem serena, sem sirenes. Essa era a diferença mais ridícula entre ontem e hoje: o sol não era ameaça, era convite. Violeta desceu a escadaria vestida de branco, e eu parei de respirar sem perceber, porque ela não vinha me encontrar. Eu vinha descobrir que ainda existia depois de tudo que viveu.
A igreja era antiga, pedra amarelada, vitrais em tons de outono. O perfume dela veio primeiro, sutil, doce, insistente. Ela entrava em silêncio, mas até o barulho dos passos parecia orquestrado para meu coração parar só de olhar.
Quando a música começou, ela avançou sobre mim. O vestido fluía como se fosse feita de nuvem, o véu tremia na borda dos sonhos, os olhos dela brilhavam como lâmpadas que acendem quando você pensa que já viu tudo.
— Você está lindo — ela sussurrou antes de beijar. Um beijo que selou o meu mundo de novo, não como antes, mas reconstruído em fogo e silêncio.
Orgulho não cabe no peito de quem quase perdeu tudo para descobrir que o que vale é o simp