(Ponto de vista de Andreas)
O rugido das portas do conselho se fechando atrás de mim ecoou como um trovão dentro do meu peito. A notícia que acabara de ouvir me atingiu como uma lâmina afiada.
— O quê? — grunhi, a voz tomada por uma fúria que há muito não sentia. — Ela fez o quê?!
O lobo mensageiro recuou, tremendo, os olhos baixos, sem coragem de me encarar.
— A… a rainha… partiu, meu rei. Junto com os príncipes Benjamin e Bernardo. Eles foram atrás da humana… da moça chamada Mara.
Senti o chão sumir sob meus pés.
Por um instante, o ar faltou.
Ela… partiu sem me avisar.
O sangue pulsava nas têmporas. O rugido que saiu do meu peito não foi humano — foi selvagem, ancestral. O som fez os guardas se afastarem, as janelas estremecerem.
Annabelle tinha ido atrás de Mara. Da filha que perdemos há vinte e cinco anos.
Levei as mãos à mesa de pedra e a parti em duas, num estalo surdo.
— Maldição! — urrei, o eco se espalhando por toda a fortaleza.
A lembrança do passado veio como uma onda