Malú estava no modo automático, não tinha mais interesse em nada, nem para onde iam, nem qual utilidade tinha para aquele homem, se sentia apenas uma matéria física. Como se tivesse sido roubada qualquer chance de viver.
Cerca de duas horas depois, adentraram um condomínio de luxo e rapidamente estavam dentro dos portões de uma mansão digna dos filmes hollywoodianos. Malú encolheu os ombros, intimidada com tanta riqueza. Entraram na casa e imediatamente uma mulher bem uniformizada, como uma espécie de governanta, lhes recebeu. Ela pareceu surpresa ao ver Dante, os olhos claros da mulher ficaram dilatados. — Senhor... Dante...? Malú ainda estava presa na beleza da mansão. — Claudia, prepare o meu quarto. Antes que a empregada tornasse a dizer qualquer coisa, surgiu outra mulher, uma elegante de cerca de cinquenta anos. Suas joias demonstravam o quão fina era, embora tivesse olhos inchados, certamente por ter chorado bastante. Malú se perguntou se era a esposa do governador, pois nunca a viu na mídia nem ouviu falar dela. — Oras, quem finalmente apareceu, pensei que fosse demorar— o tom da mulher soou um pouco arrogante. Ela fitou Malú sem disfarçar um certo incômodo e curiosidade. — …Olá, Isabel — Dante respondeu no mesmo tom que a mulher. — Eu não acredito que este seja o melhor momento para você vir... — Isabel disparou a falar, no entanto, Dante a interrompeu: — Eu a encontrei. Malú ficou surpresa com a forma como aquelas palavras mexeram com a mulher. Inicialmente, ela ficou em silêncio, analisando Dante como se aquelas palavras fossem impossíveis. Depois, seus olhos se encheram de lágrimas. Ele, no entanto, permaneceu em silêncio. A empregada também pareceu comovida, aquilo tudo estava deixando Malú curiosa, afinal, quem era a mulher de quem falavam? Isabel estava tão emocionada que foi necessário que a empregada lhe amparasse, pois Dante não se moveu. — Senhora Isabel... A mulher se desmanchou em lágrimas. — Onde ela está! O que fizeram com ela...? — falou em meio à sua angústia. — Meus homens estão trazendo para cá. Um leve sorriso surgiu no canto da boca da mulher. — Céus, eu não acredito que isso seja real. A empregada também se manifestou. — Graças ao meu bom Deus. As duas se recompuseram e Isabel se aproximou. Ela parecia um pouco constrangida, talvez por tê-lo recebido daquela forma. — Eu sei que... Nossa relação nunca foi das melhores... Mas... Obrigada por encontrar minha irmã. Surpreendentemente, ela se lançou sobre Dante e o abraçou. Tanto Malú quanto a empregada ficaram surpresos. Estava visível que a mulher não tinha um bom relacionamento com ele, e que Dante não estava acostumado com aquele tipo de afeto, pois ficou imóvel sem saber como reagir. — Está tudo bem. Sabe que eu fiz isso por ela, por tia Beatriz. Agora, Malú tinha um nome, sabia que a tal mulher se chamava Beatriz. Beatriz Cassani era a única figura materna que Dante conhecia. Desde que chegou àquela casa com apenas seis anos de idade, ela o acolheu como um filho, pelo menos em seus momentos de lúcidez. Beatriz sofria de esquizofrenia, e muito cedo a doença se agravou. Na maioria do tempo ela estava fora de si e precisava de cuidados médicos. Aquilo era motivo de vergonha para o poderoso governador, ele não aceitava que a doença da esposa fosse descoberta, por isso havia desaparecido com ela, lhe internando em uma clínica isolada. Dante tinha feito de tudo para encontrá-la, e agora finalmente havia conseguido. Isabel se afastou ainda emocionada, mas houve uma mistura de emoções, de repente ela pareceu irritada, e seu rosto tomou uma expressão acinzentada. — Mas todo sofrimento acabou, aquele maldito se foi!— lágrimas de alívio a tomaram. Malú ficou chocada, era visível que a mulher se referia ao governador. Ficou se perguntando que tipo de homem ele era. A mulher se recompôs e finalizou: — Ele não nos fará nenhum mal. Nunca mais. — Preciso que preparem tudo, minha tia está a caminho. Também preciso que consiga uma enfermeira. Isabel perguntou, aflita: — Ela está ferida? — Não, porém... — ele fitou Malú de canto, como se sentisse desconfortável que ela soubesse. — Não está muito lúcida, se sente confusa... Então, a empregada deu um passo à frente. — Eu consigo uma pessoa para ajudar. Será um prazer, ainda não acredito que a senhora Beatriz estará de volta. Dante agradeceu com um aceno de cabeça. Então, somente neste momento, se referiram a Malú. — Devo preparar o quarto de hóspedes para a jovem? — A empregada perguntou. Isabel olhou para Malu. — Não, prepare apenas o meu quarto. Ela ficará hospedada junto a mim. — Malú sentiu que uma corrente elétrica transpassar em seu corpo ao se imaginar no mesmo quarto que Dante, no entanto, sabia que não estava apta para dizer nada. E como se tudo não pudesse piorar, ele falou: — Aliás, esta é minha noiva. "Minha noiva" Malú tentou entender que merda era aquela. Dante só poderia ter ficado louco. Ela desejava mais do que nunca deixar as coisas claras, mas não tinha alternativas, por isso engoliu sua língua ou ficaria sem ela. Isabel levou a mão ao peito como se aquilo fosse uma insanidade. — Noiva? — ela estava tão perplexa quanto a própria Malú. — Sim. Minha noiva. A propósito, ela se chama Maria Lúcia. — Ele a apresentou. Claudia, a empregada, se virou de costas para sair e cumprir suas obrigações, ainda surpresa com tudo. Malú encolheu os ombros, inquieta com aquela situação. No entanto, se apresentou para não parecer mal-educada. — Prazer... Sou Maria Lúcia... Mas me chamem de... Malú. Isabel demorou para responder, no entanto, fez um enorme esforço e estendeu a mão. — Ah, sim, sou Isabel... Se precisar de alguma coisa, estou à disposição. Então, Malú sentiu a mão de Dante envolver sua cintura com intimidade. Aquilo fez seu corpo se agitar. — Preciso resolver muitas coisas, por isso vou tomar um banho e me trocar. Vamos, amor. Malú quase engasgou com a própria língua ao ouvi-lo lhe chamar de" amor", aquilo soou um tanto bizarro. Pela forma como seus dedos se enfiaram em sua cintura, ela soube que aquilo era uma ordem para que entrasse no personagem. — S-im... Amorzinho... — ela respondeu entre os dentes, tentando sorrir. No entanto, Isabel não pareceu convencida, ao contrário, ficou desconfiada, porém não argumentou. Como Malú se recompôs, assim que estavam distantes, Dante se afastou dela. A única situação que a incomodava mais era saber que ficaria no mesmo quarto que ele. Ao se aproximarem em completo silêncio, ele abriu a porta, era tudo moderno como Malú imaginou, o quarto era maior que qualquer casa que ela já havia entrado, fora o apartamento dele, as imensas janelas de vidro davam para o jardim principal, os móveis eram em tons de cinza, não havia nada em tom claro ali, no entanto, bastante elegante. Dante se dirigiu para o closet e ela ficou ali perdida em seu vazio, pensou sobre a tal Isabel e como havia recebido de forma fria, era visível que não tinham um bom relacionamento, ainda pensou a respeito de Beatriz, se ela era a tia de Dante, certamente se tratava da esposa do governador, e nunca soube dela, ele costumava aparecer na mídia sempre sozinho, tudo era muito confuso para ela, então se sentou à cama com aquele companheiro sentimento de vazio, numa mistura de tensão, então percebeu que só tinha uma cama, grande e visivelmente confortável. Engoliu seco. Ele saiu vestido apenas de calça social. Não era a primeira vez que o vira sem camisa, mas Malú precisou focar em outra coisa que não fosse seu corpo perfeito, desenhado por músculos bem definidos e completamente atrativo. — Daqui a pouco, Pedro deverá chegar com as roupas que pedi, escolha um modelo elegante, mas discreto, certamente teremos um dia agitado, escolha algo preto, não se esqueça de que estamos de luto. — falou enquanto vestia uma camisa social e fechava os botões. Malú ficou chocada novamente, era um absurdo a forma com que Dante lidava com o luto do tio, levando em consideração que ele mesmo o havia assassinado. Ela sabia da gravidade daquela situação e aquilo era assustador. Tomada por aquelas emoções, se manifestou: — Eu acho que você é algum tipo de sociopata — ele continuou abotoando no pulso enquanto ela falava. — Você lida com a morte, quer dizer, o assassinato do seu tio com tanta frieza... — Como Dante não reagia, ela ficou ainda mais tensa e aumentou seu tom de voz. — O que pretende fazer comigo? Além de me sequestrar e me obrigar a me passar por sua noiva... Isso é um absurdo, Dante! — Você fala muito, sabia? Aquilo a irritou, ele continuou naturalmente se vestindo. — Qual será a próxima parte, me obrigar a ficar neste quarto e dormir na mesma cama, depois vai me estuprar? Quando a última palavra saiu, Dante ficou absorto. Ele avançou na direção dela, demonstrando o efeito negativo de suas palavras sobre ele. — Eu jamais faria isso, cuidado com suas palavras! Malú engoliu seco e se ajeitou na cama. — Eu não entendo... Você matou o seu tio e age como se nada tivesse acontecido. Dante a fitou nos olhos. Ela ficou olhando para ele, assustada, sem conseguir piscar. — Nunca mais repita isso! — ele quase gritou em tom autoritário. Ainda trêmula, ela soltou: — Mas ele era seu tio... Dante passou a mão no rosto tenso com aquele diálogo. — Aquele homem não valia o chão desta casa. —... Ele o adotou, mesmo que seja esse monstro que você diz, deveria ter um pouco de sentimento. Não acredito que você deu credibilidade às palavras de Sandro. Aquele assunto incomodou o Dante de uma forma visível, agora ele sabia que ela tinha ouvido toda a conversa com Sandro e suas revelações absurdas. — Não, Malu... — ela o ouviu sorrir com sarcasmo. — Eu não tenho sentimentos algum por aquele homem. Eu devo a ele tudo que me tornei, ele me fez ser esse homem que você tanto despreza. Se eu tenho essa pedra dentro do peito, devo tudo a ele! A respiração de Malú estava acelerada, por algum motivo sentiu que havia dor em suas palavras. Dante tinha tanta mágoa que ela temeu o que ele possa ter passado, mais do que nunca, desejou não fazer parte daquilo. — Por favor, Dante, me deixe ir embora... — ela uniu as mãos como se fizesse uma prece. Então, sentiu-o puxar pelo braço para que ficasse em pé. Seus corpos se chocaram e ela sentiu os músculos admirados instantes atrás sobre ela, mesmo vestido. Ela não entendeu, mas suas pernas fraquejaram. Todo seu corpo se estremeceu, os olhos dele fixaram-se nos dela daquela forma austera e sedutora. Pôde sentir seu cheiro, uma fragrância importada que certamente ela não conhecia. — Não posso. — Por favor... Eu não vou falar nada, eu juro... — ela falou, nervosa. No entanto, Dante repousou uma de suas mãos em suas costas, descendo até chegar à lombar. Aquele toque a deixou inquieta. — Será que você não entendeu ainda, Maria Lúcia? — falou quase em um sussurro. — Se eu te deixar ir... Terei que matá-la... Então, terá que se conformar em ficar comigo. Malú não entendia que tipo de jogo era aquele, Dante parecia gostar daquela situação. Ela, no entanto, se sentia confusa. — Prefiro que me mate — falou, olhando em seus olhos de forma desafiadora. Suas palavras causaram nele uma indignação. Dante sorriu novamente, porém de forma maliciosa, e Malú engoliu seco com a forma sexy que as covinhas na bochecha o deixaram. Pela segunda vez, pôde jurar que fosse beijá-la, e o mais absurdo era que seus lábios praticamente imploraram por isso. Sua outra mão a envolveu sem delicadeza alguma, num sentimento de posse. O corpo quente e rígido de Dante lhe pressionou mais. Estavam próximos, então ela sentiu a boca dele lhe tomar. Aquilo a deixou incapaz de reagir. Sentiu a carne úmida e quente apossar-se de seus lábios sem pressa alguma, num ritmo torturante e gostoso. Malú tentou se afastar, entretanto, seu corpo mais parecia um ímã, não conseguia se desprender dele e, quando a língua de Dante a invadiu, perdeu completamente o controle. Sem notar, tocou seus ombros com uma das mãos e, com a outra, enfiou os dedos em seus cabelos. Ele arfou ainda em sua boca. O beijo se intensificou, as mãos dele apoiaram suas costas enquanto massageavam cada parte, descendo até alcançar sua bunda e a envolver na palma de sua mão sobre o jeans, uma de cada lado. Ela sentiu suas veias pulsarem com o prazer proporcionado, e não pôde negar para si mesma que, se ele a quisesse, se entregaria ali mesmo, afinal estavam a poucos centímetros da cama. Sua experiência com o sexo não era vasta, entretanto, tinha certeza de que Dante tinha muito a lhe ensinar. Ela sentiu a mão dele descer até sua coxa, tocando sua pele por cima da calça. Com habilidade, ele subiu até o cós e alcançou os botões, soltando um por um sem largar seus lábios. Não havia limites para sua língua ousada que a consumia com avidez. Rapidamente desceu o jeans, revelando sua calcinha de renda, uma das peças que havia providenciado para ela. Então, Dante enfiou a mão por dentro do tecido de forma ousada. Malú o sentiu tocar bem ali, com movimentos delicados de cima para baixo, mãos ousadas e experientes. A boca dele devorou a sua, consumindo cada gota de sua energia, num beijo molhado, delicioso e envolvente. Então, sentiu-o entrar com os dedos, seu ventre latejava desejando por isso. — Já está molhada... Malú… — ele gemeu numa mistura de orgulho e repreensão. Praticamente desfalecida sobre seus braços, ele investiu novamente, entrando e saindo, sentiu-a por dentro, sua carne macia, quente e molhada. Seu corpo arquejou com tanto prazer. Dante se satisfazia apenas por tocá-la e ver sua expressão de prazer estampada no rosto entre sons de gemidos roucos. Havia desejado aquilo desde o primeiro momento em que a viu no restaurante, tão recatada, vestida com aquele uniforme, mas acreditou que fosse apenas algum fetiche. Agora estava ali, contendo seu corpo para não se afundar dentro dela, pois se começasse não ia parar. E tinha muitos assuntos para resolver. Dante intensificou o movimento, ao notar que ela iria chegar ao clímax, mordeu de leve os seus lábios. Malú inclinou a cabeça para trás em êxtase, e ele afundou o rosto em seus seios sobre a camisa, seios tão macios quanto ele imaginava, e ela logo sentiu uma descarga de prazer invadir todas as partes do seu corpo. — Isso... Goza para mim... Ela não conseguia assimilar nada do que estava acontecendo, Dante simplesmente havia lhe deixado fora da razão. Malú gemeu enquanto apertava as unhas entre seus músculos, até perder completamente as forças em êxtase. Então, deitou-se sobre seus ombros quando ele acabou, com seu corpo fraco sobre o dele. Malú acreditou que Dante fosse protestar por seu próprio prazer. Que se despiria e consumariam o sexo, no entanto, sentiu seu corpo ser colocado na cama. Naquele momento, seus olhos se encontraram e ela pode notar o quanto ele parecia arrependido. Quebrou o contato visual, virou de costas e entrou no closet novamente como se nada tivesse acontecido. Ela ficou parada ainda recuperando o fôlego. Assim, imediatamente percebeu a loucura que havia sido aquilo. Ficou mortificada. Imediatamente, cobriu seu corpo com o lençol da cama. Quando Dante surgiu. Ela sentiu suas bochechas queimarem por ter ficado tão exposta e cedido a ele, não costumava ser assim, não mesmo. Ele estava vestido com o paletó e gravata. Parou próximo à porta, se virou para ela e falou: — Talvez não deseje tanto a morte quanto pensa. Você não vai se livrar de mim, Malú. Terá que se acostumar. Só não se esqueça, a vida de seu pai está nas suas mãos. Por isso, se comporte. — Ele levou a mão até a fechadura. — Agora, proveite algumas horas e descanse, deve estar exausta, assim que as coisas que pedi a Pedro chegarem, esteja pronta. Ela ainda ficou chocada por ele usar termos como "Talvez não deseje tanto a morte" e"exausta", sabia que ele se referia ao que tinham acabado de fazer. Falou e saiu, fechando a porta. Malú ficou perdida em milhares de pensamentos. Não conseguia entender o que estava acontecendo, nem como havia permitido que ele lhe seduzisse daquela forma. Havia ficado completamente vulnerável, se ele quisesse ter consumado o sexo, ela não teria negado. E a falta de autocontrole a deixou assustada, agora estava morrendo de vergonha, ele simplesmente a deixou ali na cama depois de se satisfazer, pois ele havia ficado satisfeito em vê-la naquele estado, estava estampado em seu rosto. E aquilo a fez abraçar seu próprio corpo, se sentindo mal.