CAPÍTULO 154.
Eliyahu Prokhorov
No instante em que Darina se levantou para cortar o bolo ao lado de Carlos, soube que algo havia mudado no tabuleiro. A sala inteira não piscou, mas eu vi. Vi os olhos de Francisco se estreitarem, e o desconforto se alastrar pelo rosto cuidadosamente calmo de Alice. Vi a hesitação disfarçada sob seus sorrisos de anfitriões. Eles não estavam preparados para ela. Nem para a semelhança.
Darina. Pequena, reluzente, com seu coque alto e as argolas que cintilam como espadas em miniatura. Tão inconsciente do caos que provoca apenas por existir. Talvez até hoje, Francisco não soubesse da verdade. Mas agora… agora ele viu. E não há como desver. Ela se parece com alguém — e eu sei exatamente com quem. Ela é o reflexo sutil e rebelde de um passado que Francisco escondeu. E agora, como uma peça rara, Darina pertence a mim. Não no sentido romântico — isso é só um bônus. Ela é a minha chave. O meu trunfo.
E por mais que ela seja ingênua, doce, confusa… ela é minha.
Os discursos do