CAPÍTULO 155.
Darina
Já são 21h. Nunca pensei que eu ficaria tanto tempo fora, com tanta gente, num ambiente tão barulhento, tão vivo. E mais ainda: nunca imaginei que conseguiria gostar. Que me sentiria bem. Que riria tanto.
Algumas primas e primos do Carlos se juntaram à nossa mesa. Foi tanta gente que juntamos as mesas, empurramos cadeiras, e a conversa virou um emaranhado de vozes, sotaques, e risadas. E eu ali, no meio. Participando.
Para alguém antissocial como eu, isso é quase um milagre.
Fico observando cada rosto, cada fala. Tento absorver esse momento, registrar tudo, guardar no peito como quem guarda um pôr do sol bonito demais para ser esquecido. Uma parte de mim não acredita que estou vivendo isso. A outra quer se agarrar a cada segundo como se fosse o último.
Mas nem tudo foi luz.
Não gostei das perguntas que o pai de Carlos fez sobre meus pais. Muito menos do olhar da mãe dele, como se... como se me culpasse por algo que nem entendo. Por existir, talvez. Por estar aqui. Por ter me se