No dia seguinte, Ana notou o corte na mão dele.
— Você se machucou?
— Um acidente — respondeu Adam, rápido demais.
Ela o encarou por longos segundos, mas não insistiu. Em vez disso, tomou a mão dele entre as suas e beijou os dedos com ternura.
— Eu tenho sonhado com ela — disse Ana. — Em todos os sonhos, ela está sorrindo. Mas não daquele jeito de antes. É como se soubesse algo que nós não sabemos. Como se estivesse sempre um passo à frente.
Adam desviou o olhar.
— Talvez seja só o seu inconsciente tentando processar tudo.
— Ou talvez seja um aviso — respondeu ela.
O silêncio entre os dois foi preenchido apenas pelo som dos pássaros lá fora. A casa, tão segura e distante, começava a parecer uma armadilha. Como se o tempo estivesse correndo, e eles não soubessem para onde fugir.
Na terceira noite, a porta dos fundos foi arrombada.
Não houve alarme. Nenhum barulho além do leve estalo da madeira cedendo.
Adam se moveu como um lobo, silencioso, mortal. Pegou a arma da gaveta da cozinha e