A manhã nasceu sem cor.
O céu, obscurecido por nuvens que pareciam arranhadas por garras invisíveis, derramava uma luz doente sobre a floresta devastada. O campo de batalha agora era um cemitério aberto: corpos cobertos por mantos cinzentos, pétalas manchadas de sangue espalhadas como orações despedaçadas.
Ana caminhava entre os mortos com uma lanterna feita de âmbar vivo, colhendo nomes que jamais seriam ditos em voz alta. Seus dedos tremiam, mas seus olhos estavam serenos. Adam cavava covas com as próprias mãos. Não havia tempo para rituais. A terra precisava fechar suas feridas.
Liam observava tudo à distância. Sentado à beira da clareira, com a cabeça encostada no tronco de uma árvore que agora brotava flores cinzentas, ele sentia o peso do que havia feito — e do que não pôde impedir.
— O que ela era? — perguntou em voz baixa.
Rósyn se aproximou, envolvendo os ombros dele com seu manto. Estava pálida, mas de pé.
— Uma criação de espelhos, moldada com pedaços de versões suas que nu