O carro parou em frente à nova casa de Miguel — um esconderijo temporário em uma chácara nos arredores da cidade. Discreto, isolado, cercado por grades e árvores altas.
Ao entrar, Ana caminhou direto para o quarto, largando o casaco no caminho. Adam a seguiu, preocupado.
Ela se sentou à beira da cama, finalmente soltando o choro preso.
— Ela conhece meu rosto. Minha voz. Meus traços. — Ana apertou os próprios braços. — Se ela se infiltrar... se tomar meu lugar...
— Isso não vai acontecer. — Adam se ajoelhou diante dela. — Eu conheço você. Cada gesto. Cada olhar. Cada gemido. Ela pode imitar sua aparência, mas nunca será você.
Ana o olhou com intensidade. A escuridão nos olhos dela era familiar. Mas agora havia uma ternura vulnerável ali também.
— E se ela tentar te matar?
— Terá que passar por mim.
Ela deslizou os dedos pelos cabelos dele, puxando-o para perto. O beijo que veio depois foi desesperado, quase dolorido. Um lembrete de que ainda estavam vivos. Ainda juntos.
Adam a deitou