Ângela avançou num impulso, o coração acelerado. Aproximou-se da cama e tocou a pele úmida de suor de Heitor. Estava em chamas.
— Heitor… — sussurrou, quase sem perceber.
Os olhos dele permaneceram fechados, a respiração entrecortada. Então, num murmúrio fraco, escapou de seus lábios:
— Ângela…
O som a atingiu como uma lâmina. Seu nome. Não “senhora”, não “madame”. Apenas Ângela.
A garganta dela se apertou. O peito subia e descia em descompasso. Por um segundo, esqueceu-se de tudo — da vingança, da mágoa, do ódio que alimentava. Apenas o viu, perdido em febre, clamando por ela como se fosse sua única âncora.
Num gesto rápido, chamou um médico.
. . .
— Ele está esgotado. — o profissional explicou após examiná-lo. — Estresse extremo, noites sem dormir, falta de alimentação. O corpo dele entrou em colapso. Se insistir nesse ritmo, não terá forças para continuar.
Ângela ouviu em silêncio, os dedos crispados contra o vestido. Queria perguntar desde quando ele se negligenciava assim, mas co