Ângela segurava o celular com as mãos trêmulas, os dedos apertando o aparelho como se a vida de seu filho dependesse disso — e dependia. Ligou para Heitor, cada toque ecoando em seu peito como um tambor de guerra.
De repente, o som estridente do celular dele cortou o ar do hospital. Ela olhou para trás e congelou.
Ele estava ali, na entrada da recepção, pálido, os olhos cansados e o corpo ainda frágil da febre que havia sofrido. O choque nos dois foi imediato; a sala pareceu desaparecer ao redor.
— Eu ouvi tudo. — A voz dele saiu rouca, carregada de tensão e drama. — Se o médico precisar do meu sangue, pode pegar tudo. — Cada palavra parecia custar esforço, mas ele não hesitava.
Ângela engoliu em seco, o coração disparando. O sangue frio que ela tentava manter se misturava à urgência que queimava em suas veias.
O médico se aproximou, observando Heitor com preocupação.
— Ele parece muito fraco… talvez não consiga aguentar uma transfusão completa. — A voz era cautelosa, quase implorando