Capítulo 4

Ângela suspirou e abriu os olhos.

O quarto estava completamente escuro, suas mãos vagaram pela cama em busca do celular.

Seus dedos acharam o criado-mudo e ela começou a procurar o celular, até que esbarrou em algo.

Um som alto de vidro se quebrando preencheu o quarto, gotas de suco de laranja espirraram ao redor dela.

— Merda!

As luzes do quarto se acenderam.

Heitor estava parado na porta, sua expressão estava estranha.

— Heitor? Que horas são?

— Ângela, quem é esse homem? — ele arremessou um pacote sobre ela.

Os olhos de Heitor estavam vidrados. Seus cabelos estavam bagunçados e seus olhos cinza vermelhos.

Quando Ângela abriu o pacote, viu fotos horríveis de si mesma deitada na cama com um homem nu ao seu lado.

Ela olhou cada uma das fotos enquanto seu coração batia cada vez mais forte.

— O que? Como... eu...

— Você não vale nada. Uma hipócrita. — Heitor rugiu.

Seu rosto estava vermelho e ele estava segurando uma garrafa de uísque.

— Essas fotos são falsas, eu não trai você.— disse e se levantou da cama.

Assim que seus pés tocaram o chão, ela pisou em um pedaço de vidro e gritou.

Heitor largou a garrafa de bebida e cruzou o quarto em segundos, a levantando do chão.

Ela se segurou nele enquanto gritava de dor com o vidro em seu pé, seus braços fortes a envolveram em um abraço e a colocaram de volta na cama.

O sangue pingava de seu pé.

— Heitor... precisa acreditar em mim, eu não o trai.

— Não. Você se vingou de mim. — Ele disse sem olhar em seus olhos. — Fique na cama, Ângela.

O homem se levantou e antes que ele se afastasse, Ângela o segurou pelo pulso.

— Eu não fiz isso. Nunca estive com outro homem! Quem entregou essas fotos?

Heitor puxou sua mão da dela e a olhou.

Seu olhar era frio e distante.

— Se não estivesse grávida de mim agora mesmo, eu iria me divorciar de você.

Suas palavras a cortaram profundamente.

Seu marido se afastou e Ângela permaneceu na cama, sua ferida sangrando. Mas não doía como seu coração.

Olhou novamente para as fotos.

Quem diabos era aquele homem e porque ela dormia tão profundamente ao lado dele?

. . .

— Precisa repousar agora Sra. Torres. Pelo bem do seu bebê. — recomendou o doutor Emanuel após fazer o curativo em seu pé.

Heitor estava parado na porta, seus cabelos ainda bagunçados, sua camisa desalinhada.

— O bebê está bem? — ele perguntou ao médico.

— Sim, está.

Sem dizer uma palavra, Ângela o observou se afastar.

O médico o seguiu.

Ela olhou para o seu pé e as lembranças das fotos vieram em sua mente.

Quem havia feito aquilo com ela? Quem envenenou ele contra mim?

— Ângela? Deus, Heitor me contou que você se machucou. Eu estava em um encontro e vim correndo.— sua prima apareceu na porta.

Ana Clara entrou e se sentou ao seu lado.

— Ah, você não tem ideia do que aconteceu. — disse e em seguida contou tudo.

Ana Clara olhou para as fotos com expressão incrédula.

— Você não se lembra de nada disso? Mas é você na foto. Está abraçada com um homem nu. — Ana Clara disse e a olhou.

— Eu não sei como e nem quem tirou essas fotos, mas elas foram tiradas aqui nesse quarto. E eu não trai meu marido, mas agora ele acha que sim e me odeia! — lamentou.

Ângela sentia um nó se formando em sua garganta. Seu coração começou a bater mais rápido e as lágrimas desceram de forma inconveniente.

— Ah prima, espere aqui. Farei um chá para você, precisa se acalmar pelo seu bebê. — anunciou e saiu do quarto.

Ângela se recostou nos travesseiros e deixou que as lágrimas descessem.

Olhou para a aliança em seu dedo e os olhos de Heitor vieram a sua mente.

Eu era uma esposa infiel para ele agora.

Alguns minutos depois, Ana Clara entrou no quarto segurando uma bandeja com o chá quente.

Ângela limpou as lágrimas e no minuto que sua prima se sentou ao seu lado, ela tocou em sua mão.

— Tudo vai ficar bem, Ângela. Vocês vão se entender, agora beba o chá. — disse e ofereceu o chá para ela.

Ângela respirou fundo e sentiu o aroma de camomila.

Olhou para a pequena xícara e bebeu devagar.

Quando terminou, olhou para Ana Clara que a observava atenta.

— Melhor você dormir agora. — Ana Clara disse e se levantou.

Ângela se cobriu e fechou os olhos, tentando adormecer, mas seus pensamentos giravam em torno de Heitor e daquela farsa.

Por que estavam fazendo aquilo com ela?

Ficou horas olhando para o teto branco pensando em Heitor e como ele a amava no início.

Como isso se perdeu? Se perguntou.

De repente sentiu uma forte pontada na barriga, ao ponto de deixá-la sem ar.

— Meu Deus! — gemeu de dor e se sentou cama sentindo algo úmido entre suas pernas.

Ângela afastou os lençóis e gritou ao ver todo o sangue.

Alguns segundos depois, a porta do quarto se abriu e Heitor entrou agitado segurando uma bebida.

— O que? O que? — ele gritou e seu olhar se prendeu no sangue entre suas pernas.

Ângela tremia e gritava.

— Meu bebê! Não...meu bebê!

Heitor caiu de joelhos.

— Maldita seja você...eu quero o divórcio.

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