A noite terminou como as melhores noites de Paris deveriam terminar: com vinho barato, frio leve no rosto e promessas silenciosas penduradas no ar.
Eu e Sophia saímos da galeria com os casacos fechados até o pescoço e os olhos brilhando. Ela não parava de falar — sobre as pessoas que elogiaram minha arte, sobre o som do violino no fim, sobre o bilhete que, segundo ela, era “o equivalente moderno a uma serenata”.
— Você tá apaixonada. — Ela me cutucou com o cotovelo. — Eu conheço esse olhar. É o mesmo que você fazia quando via croissants saindo do forno em Nápoles.
— Não estou apaixonada — murmurei, ainda com o bilhete dobrado no bolso. — Só estou... tocada.
— Tocada. — Ela imitou meu tom dramático. — Tocada pelo ar misterioso de um artista parisiense com um passado doloroso e um violino encantado. Allegra, você tá vivendo um filme!
Ri, mas parte de mim sabia que não era exagero. Não era só o bilhete. Era tudo. A maneira como ele aparecia e desaparecia. A música que parecia feita para