No dia seguinte à exposição, Paris parecia mais silenciosa do que nunca. Ou talvez fosse eu que estivesse mergulhada demais no barulho por dentro — aquele tipo de barulho que não assusta, mas te chama pra dentro.
Acordei tarde. Sophia já tinha saído e deixado um bilhete colado na cafeteira:
“A arte continua mesmo depois da moldura. Te encontro no fim da tarde, no bistrot da esquina. PS: Louis comeu seu marcador de página.”
Sorri. Peguei a caneca de cerâmica azul — minha preferida — e me sentei perto da janela do quarto. Paris se desenhava diante de mim como se também estivesse em processo de descoberta. A luz do sol refletia tímida nos prédios antigos, e algumas folhas vermelhas já começavam a cair nas calçadas.
Meus dedos buscaram o papel dentro da bolsa. A mensagem de Lucca.
"A arte me fez te ouvir. Talvez seja hora de aprender a ver também."
Li e reli. O papel já estava com as marcas suaves da dobra, como se cada vez que eu o abria, deixasse nele um pouco mais de mim. Guardei de no